INTELIGÊNCIA COLETIVA RECEBE O EDUCADOR ESCOCÊS CHARLES WATSON
27/04/2019
Com o tema “Criatividade & Tecnologia: Novas possibilidades para a Educação”, a Escola de Professores Inquietos promoveu, na manhã de sábado, 27 de abril, em parceria com o Colégio Farroupilha, a 8ª edição do evento Inteligência Coletiva. Neste ano, educadores de diferentes instituições acompanharam a palestra do educador e palestrante escocês Charles Watson e puderam participar de workshops oferecidos por profissionais do Colégio Farroupilha e de outras instituições, como PUCRS, Unisinos, SuperGeeks, Nave à Vela e Colégio Dante Alighieri. Veja mais fotos do evento.
A diretora pedagógica do Colégio Farroupilha, Marícia Ferri, realizou a abertura do evento com a palestra “Educação para o século XXI”. Em sua fala, Marícia trouxe algumas informações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que trata sobre o perfil do sujeito do novo século: ele deve ter espírito empreendedor, ser um pensador engajado e um cidadão ético. Além disso, a diretora relembrou as dez competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC): conhecimento; pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; e responsabilidade e cidadania.
“O processo criativo por Charles Watson: o Sol na Barriga” foi o tema abordado pelo do educador e palestrante escocês. “Passei a minha vida profissional tentando compensar os danos causados por sistemas educacionais que, em vez de ensinar ‘como pensar’, têm mais interesse em ensinar ‘o que pensar’. Ensinar ‘o que pensar’ normalmente consiste, em graus variados, em decorar informações (frequentemente irrelevantes) de modo a reproduzi-las sob demanda. ‘Ensinar como pensar’, pelo outro lado, proporciona ferramentas para uma resiliência que permite se adaptar a um mundo de rápida transformação e um futuro inerentemente incerto”, iniciou a palestra.
Ao falar sobre criatividade, Watson frisou que não concorda em ter uma “receita” de como ser criativo. “Embora a maioria de nós de fato possua um potencial criativo, somente uma minoria em geral consegue fazer esse potencial render frutos por meio das suas escolhas profissionais e da energia disponibilizada por essas escolhas”, destacou. De acordo com ele, pesquisas realizadas nas últimas décadas têm modificado expressivamente o que entendemos como criatividade e inovação, e sugerem que o talento (a habilidade inata para uma atividade) não é o fator determinante para a construção de uma vida de contribuições criativas, mas sim, o investimento vertical em uma atividade ou linguagem específica.
Em suas palavras, para ser criativo é necessário um envolvimento profundo com o tema, ao longo de um tempo importante, suficiente para o desenvolvimento do chamado conhecimento tácito, aquele que a pessoa adquiriu ao longo da vida, por experiência. E isso pode levar 10 anos ou 10 mil horas; vai depender do grau da intensidade do investimento. “É difícil ser criativo em uma área de atividade pela qual você não tenha um profundo apreço. Por isso é importante tomar boas decisões em relação ao tipo de trabalho que você fará na vida. Embora existam várias ‘técnicas criativas’ todas elas necessitam um investimento de energia considerável para serem eficazes. Não existem aspirinas, pílulas mágicas ou atalhos. Os seus ganhos são sempre equivalentes ao que você investiu”, aconselhou.
Por fim, Watson frisou a importância de fatores, como intensa curiosidade, persistência e coragem necessária para identificar e enfrentar as dificuldades, para desenvolver o conhecimento tácito. “É preciso ter resiliência. O erro em si é algo que dá medo, porque sugere fracasso, mas ele também está presente em todas as descobertas da nossa história. O erro é um desvio das nossas atenções, mas ele é, também, uma definição de criatividade, porque dele saem surpresas que não imaginamos”.