ChatGPT na sala de aula

No final de 2022, a IA (inteligência artificial) tornou-se pauta recorrente em diversas áreas com o lançamento do ChatGPT. O sistema baseado em IA gera conversas a partir de perguntas e tópicos sugeridos pelo usuário. Os resultados são baseados em dados encontrados na internet e atualizados até 2021.

O acesso ao ChatGPT é aberto, de modo que possibilita que estudantes o utilizem para resolver exercícios dos mais variados temas, além de redigir (ainda que com erros) redações ou mesmo trabalhos mais aprofundados, o que leva a discussões sobre moral, ética e plágio.

O departamento de Educação da cidade de Nova York decidiu banir o ChatGPT para evitar que alunos usem a ferramenta como “cola” para escrever textos e resolver problemas de matemática, entre outras tarefas que a tecnologia pode desempenhar. Mas será que esse é o melhor caminho? 

Ednei de Bem, Gerente de Tecnologia Educacional no Colégio Farroupilha, aponta que “o uso do ChatGPT na educação é um desafio, uma vez que a tecnologia ainda está em fase de aperfeiçoamento e pode apresentar limitações na compreensão e resposta a certas questões.” Sobre a preocupação da ferramenta ser usada como “cola”, ele pontua que é fundamental que os professores utilizem cada vez mais estratégias que possibilitem a análise da originalidade do conteúdo produzido pelos estudantes, como a criação de questões que promovam o raciocínio crítico e a apresentação de atividades que exijam a aplicação do conhecimento em situações práticas e reais. E finaliza: “Também é importante que os docentes orientem os alunos sobre a importância da originalidade acadêmica e as consequências do plágio.”

Alguns profissionais da educação defendem que professores podem usar ferramentas de IA, como o ChatGPT, como uma estratégia nos seus esforços para ensinar como pensar criticamente e escrever efetivamente. Em artigo no site Edutopia, encontramos algumas sugestões de como colocar isso em prática nas aulas dos Anos Finais e Ensino Médio:

1. ANÁLISE DETALHADA

Ferramentas como ChatGPT são treinadas por meio de tudo o que é escrito na internet, por isso há grandes chances de que haja imprecisões no que está sendo elaborado. Assim, em sala de aula, os estudantes podem elaborar um tópico na ferramenta sobre um tema que estão estudando e, em seguida, examinar a resposta do ChatGPT em detalhes. Isso pode envolver uma dissecação frase por frase do que a IA escreveu. Ao trazer à luz possíveis inconsistências ou imprecisões diretas, os estudantes reforçam sua compreensão correta do tópico.

2. ENCONTRE OS VIESES

Como uma variação da ideia acima, os estudantes criam questões por meio de uma variedade de tópicos relacionados e, em seguida, avaliam esses itens procurando temas de imprecisão. Como o ChatGPT e seus semelhantes são treinados no que já existe, a escrita e as vozes sub-representadas podem ser marginalizadas. Com isso, como podemos orientar nossos alunos a não apenas reconhecer esses pontos cegos, mas também incorporar uma maior multiplicidade de pontos de vista em seus estudos?

3. ENCONTRE A REDAÇÃO DO COMPUTADOR

É importante lembrar que as ferramentas de IA apenas organizam as palavras e não aplicam sentimento, coração ou outros componentes emocionais. Assim, os resultados são impessoais, frios. Para um exercício lúdico, compartilhe duas ou três peças de escrita humana do último ano ou dois e coloque um exemplo do ChatGPT e peça aos alunos que discutam o que torna esses exemplos humanos – ou decididamente não. Nuance e paixão serão pistas que os alunos podem investigar. Aqui estão algumas tarefas de redação que tornarão o uso de ferramentas de IA supérfluo, se não contraproducente:

• USE FONTES PRIMÁRIAS E CONTAS DE PRIMEIRA PESSOA

Combine que os estudantes entrevistem alguém e conectem a experiência dessa pessoa a um texto. Em primeiro lugar, a combinação narrativa/expositiva fornece mais pontos de entrada para a escrita do aluno. Em segundo lugar, essa síntese garante que nenhum prompt de máquina possa fornecer linguagem para expressar o novo aprendizado.

• COMPARE DUAS LEITURAS 

Peça aos estudantes que comparem e contrastem um par de obras literárias. Os alunos criarão redações exclusivas que demonstram seu aprendizado, as conexões que fizeram e o significado. Novamente, como essas ferramentas de IA são treinadas no que pode ser encontrado na internet, quanto mais rara a história, mais rara a análise gerada por computador.

• ESPERE QUE A DISCUSSÃO EM SALA DE AULA SEJA USADA COMO UM RECURSO

Essa ideia complementa o item anterior, de modo que a discussão em sala de aula torne-se um dos textos que estão sendo considerados na comparação. Um resultado bastante positivo que provavelmente emergiria dessa ideia seria os alunos prestando mais atenção durante as conversas em sala de aula. 

A IA é uma realidade que veio para ficar (e que já está na ponta dos dedos dos estudantes). Assim, em vez de torcer o nariz para ela, que  tal colocar alguma dessas sugestões em prática?