INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO – AS TENDÊNCIAS VISTAS NO SXSW 2023

Inovação e educação – as tendências vistas no SXSW 2023

05/04/2023

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Você já ouviu falar no SXSW? 

Pronuncia-se South by Southwest e é um dos principais eventos de inovação do mundo e acontece uma vez ao ano em Austin, no Texas (EUA). O SXSW EDU é um componente da família de conferências e festivais SXSW que promove a inovação e o aprendizado no setor educacional.

Carol Bücker, consultora de inovação e educação, CEO e fundadora da Idealiza Tools & Methods, participou do SXSW EDU pela segunda vez em 2023. Aqui, ela compartilha os principais insights das vivências no evento.

Carol salienta que, dentre a bagagem trazida do SXSW, a clareza de que o mundo segue colaborando representa algo valioso. “Fico feliz e aliviada de ver que a colaboração será ainda mais necessária neste mundo atual e futuro. E já estou reativando minhas conexões de forma presencial e virtual. Assim como uma planta que se reanima quando é regada, sinto que a energia foi revitalizada”, diz ela.

Grupo de brasileiros no SXSW EDU 2023

As 3 principais tendências que vêm por aí para a educação

  1. Uso da IA em tudo. IA como parceira de vida e de trabalho – apoio aos professores no preparo das aulas e, ao mesmo tempo, apoio aos estudantes na realização das atividades, no estudo e na construção de soluções necessárias. Em função disso, os professores deverão aumentar o nível de exigência de análise crítica dos alunos, desafiando-os a usarem a inteligência artificial (IA) para realização das atividades, mas sempre com uma abordagem crítica, não passiva, diante das respostas. Será crucial desenvolver a capacidade de fazer perguntas, de encontrar novos olhares e pontos de vista para uma mesma situação. Precisamos aprender logo a fazer mais e melhores perguntas para tudo, estimulando a curiosidade e o nosso “não saber”. O “não saber” é algo que eu venho estimulando e provocando desde 2010 em meu trabalho junto à educação, pois ainda sinto que as pessoas têm receio dele; não fomos educados a não saber, e sim a saber das coisas, a termos respostas e firmeza em nossas convicções. Entretanto, o mundo atual e o mundo futuro pedem que os abordemos e enfrentemos com mais coragem em relação ao que ainda não sabemos. A partir e por meio disso, seremos capazes de elaborar perguntas relevantes. 
  1. Diversidade – a necessidade de, estrategicamente, criar uma educação que tenha a diversidade na sua essência e como forma de capacitar os estudantes para uma realidade de mundo mais complexa, mais diversa e mais criativa. Essa tendência será fundamental para quem quiser apoiar a formação de pessoas capazes de observar o mundo e de ver todas as nuances, sem pontos cegos. Para isso, o estudante e o professor precisam criar premissas, exercícios e experiências que efetivamente tenham a diversidade como essência. Esse ponto conecta-se ao item 1 e precisa ser cuidadosamente avaliado para que, ao estimularmos o uso da IA  na educação, possamos mapear e saber se ela está sendo diversa em suas respostas. Caso contrário, nos trará respostas limitadas.
  1. Colaboração – entendo que já estimulamos a colaboração e avançamos em relação aos níveis anteriores. No entanto, nos será exigido um nível mais potente de colaboração, seja com a inteligência artificial, seja com as pessoas do nosso entorno, seja com pessoas do entorno do ecossistema onde estamos inseridos. A colaboração em nível potente é que será a via de cocriação e realização de soluções inovadoras, e até mesmo, da realização do básico que precisamos realizar. Os desafios serão maiores, de engajamento, de gerar pertencimento e de sermos capazes de criarmos a realidade que desejamos neste mundo complexo. A colaboração será também com toda a tecnologia que nos conecta e nos permite fazer mais conexões. Só que ela só será efetiva se estivermos usando o mindset de colaboração na essência. E o que ele exige? Exige diversidade, empatia, capacidade de “não saber”, habilidade de fazer perguntas, de construir em conjunto e de cocriar soluções. Algo que antes estava mais entranhado no desenvolvimento das competências profissionais agora avança para a formação das crianças e jovens e até mesmo dos professores nos processos de ensino e aprendizagem.
Carol no SXSW 2023

A inteligência artificial irá acabar com a criatividade? 

Para Carol, a IA vai nos exigir o desenvolvimento de novos níveis de criatividade. “Até aqui, vivemos processos individuais de estímulo à criatividade, nos quais cada pessoa criativa era considerada uma ilha e criava a partir de suas referências, inspirações e necessidade de realização”, diz ela. “A partir de agora, a inteligência artificial nos oferecerá tantas ferramentas quanto formos capazes de aprender. Seremos habilitados a gerar inúmeras formas de expressão a partir de um único momento de cocriação com a inteligência artificial. A capacidade de cada um, ou de cada grupo, de entender o alcance de expressão da IA é que fará a diferença, pois a cada dia serão criadas novas formas de expressar a nossa criatividade. Hoje, um indivíduo já não cria sozinho, ele já começa o processo criativo em colaboração com a tecnologia, que a cada dia o levará a expandir a sua capacidade criativa e crítica caso ele tope surfar essa nova onda”, finaliza.