Andragogia: abertura a novas vivências

Andragogia: abertura a novas vivências

15/02/2022

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Por Gisele Chiesa

Assessora de Recursos Humanos, com foco no treinamento e desenvolvimento de lideranças e equipes. Curadora da Escola de Professores Inquietos.


Você conhece o termo Andragogia? Ele tem origem nas palavras gregas andros: homem adulto, e gogia: orientar, conduzir. Assim, nada mais é do que a arte de conduzir os adultos em seu processo de aprendizagem. 

A aprendizagem é um processo contínuo e, por que não dizer, fundamental para nossa vida, que está em constante transformação. Aprendemos desde que nascemos e seguimos aprendendo ao longo de toda a vida. No entanto, a forma como aprendemos vai sendo modificada conforme crescemos, acompanhando o nosso desenvolvimento. Assim como a Pedagogia tem suas características, a aprendizagem de adultos, ou Andragogia, é repleta de singularidades que valem o estudo e a reflexão. 

Uma das características do adulto é estar em uma fase de autonomia, ou seja, independe da família ou de professores na sua busca por novos conhecimentos. Muitos, por sua vez, podem entender que suas crenças e opiniões já estão formadas, pois foram construídas desde quando eram crianças, a partir de vivências e leituras dos fatos que ocorreram até então. Isso pode impactar na crença de que, ao deixar para trás a infância, esse sujeito deixou também a sua vulnerabilidade e a necessidade de aprender. Nesse sentido, pode haver certa resistência quanto a admitir que esse adulto está em constante movimento e que, para acompanhá-lo, o processo de aprendizagem ainda se faz presente. Todavia, tal resistência  faz parte de nossas características humanas. 

O adulto tem, ainda, o poder de decisão. Ele escolhe os cursos que deseja realizar, sua formação acadêmica, que área profissional seguir. Ao fazer tais escolhas, esse adulto  estará presente em sua totalidade, ou seja, dedicará tempo  de sua escuta e atenção. Todavia,  mesmo se, por alguma razão, tiver que realizar algum evento de formação – seja formal, seja continuada – sem ter percebido internamente tal necessidade, provavelmente sua presença será apenas física. Isso acontece porque uma das premissas para que a aprendizagem de um adulto seja efetiva é a abertura desse sujeito a um novo conhecimento.

Para que esse movimento de abertura seja realizado, o aspecto percepção também precisa ser levado em consideração. Cada um possui sua própria percepção sobre uma necessidade, um fato e, claro, sobre si. Essas percepções são concebidas de acordo com o histórico de vida de cada um. Para que o adulto esteja aberto a iniciar uma trajetória para aquisição de um novo conhecimento, ele precisa perceber que há uma necessidade a ser atendida, além de identificar os ganhos que obterá. Ao ver sentido nos possíveis ganhos do processo, há uma maior probabilidade de que os novos conhecimentos adquiridos possam ser internalizados e, assim, aplicados para a vida.

A experimentação é outro ponto fundamental no processo andragógico. É preciso que o adulto vivencie aquele conhecimento, praticando-o constantemente em sua vida, para que ele se torne uma habilidade. A avaliação, nesse processo, é individual, e o termômetro é o uso que se faz daquela aprendizagem. O próprio sujeito aprendiz avalia o quanto do que aprendeu faz sentido para suas necessidades e escolhas de vida.

Dessa forma, a Andragogia pode ser vista como um movimento de busca por atender a uma nova necessidade que se apresenta. Para que seja eficaz, precisa ser genuína, ou seja, o sujeito precisa perceber os motivos que o levam a empreender na busca por uma nova aprendizagem, abrindo-se a essa vivência e aplicando-a em sua vida.

 

*Artigo adaptado de uma publicação da autora para a revista do SINEPE em 2018.