Vivenciando habilidades socioemocionais na infância

Vivenciando habilidades socioemocionais na infância

26/08/2021

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Por Andréa Lorenz

Graduada em Pedagogia pela UFRGS e pós-graduada em Alfabetização e Letramento. Professora da Educação Infantil do Colégio Farroupilha, com 20 anos de experiência na área.


Você já pensou como seria termos, no nosso dia a dia, tempo e espaço para pensarmos e falarmos sobre os nossos sentimentos e as nossas emoções?

Na Educação Infantil, podemos começar a trilhar um caminho que envolva o desenvolvimento das habilidades socioemocionais desde muito cedo, em um processo que tem início nos primeiros anos de vida das crianças. Vamos conversar um pouco sobre isso?

No trabalho com as crianças, especialmente aquelas que estão em processo de aquisição da linguagem oral, os educadores têm um papel fundamental, realizando a observação por meio de um olhar atento e afetivo durante diferentes momentos, ajudando-as a identificar e nomear as diferentes emoções, como raiva, medo, tristeza e alegria.

Conforme as crianças vão crescendo e apropriando-se também da linguagem oral, além de observador, o professor também ocupa a posição de mediador. Assim, é possível garantir que as crianças terão tempo e espaço, dentro da rotina escolar, além das intervenções diárias, para conversar sobre os sentimentos, as emoções, os afetos e as relações. Um exemplo desses momentos são as Rodas dos Sentimentos, realizadas com as turmas do Nível 4 da Educação Infantil do Colégio Farroupilha. É um momento coletivo, intercalado entre diálogos espontâneos das crianças e intervenções intencionais dos educadores, de fala e escuta entre os pares, sobre situações cotidianas, sentimentos, conflitos, relações e interações.

Já no Nível 5, as turmas participam de Assembleias Escolares, inspiradas na experiência positiva realizada em outras escolas, como a Escola da Ponte, em Portugal. A Assembleia Escolar deve ser um espaço para a reflexão coletiva, que estimule a participação das crianças como protagonistas na resolução de conflitos que fazem parte do cotidiano escolar. Nesses encontros, não há intencionalidade em definir o que é “certo” ou “errado”; o foco, na verdade, está na reflexão e resolução de conflitos. Cada assembleia é única e retrata a realidade da sua turma. Nela, a expressão das emoções e dos sentimentos também se faz presente e tem-se o espaço aberto para a discussão e os relatos espontâneos das crianças a partir de dois enfoques: críticas e felicitações. Quando o enfoque está voltado às críticas, é feito o registro de situações que geraram sentimentos como medo, tristeza, raiva. Em relação às felicitações, o foco está nas ocasiões e atitudes que também merecem destaque e despertaram sentimentos como alegria, gratidão, coragem e admiração no grupo, tais como: compartilhar uma aprendizagem com o colega, aprender a amarrar o tênis, sentir-se amparado em uma situação desconfortável, ser convidado para brincar por um amigo diferente, entre tantas outras situações de conquistas que fazem parte do cotidiano infantil. Em ambos os enfoques, isto é, na expressão de críticas ou de felicitações, é importante ressaltar que as crianças não são expostas, ou seja, o que é enfatizado são as situações, e não quem as gerou.

Quando a criança consegue expressar-se verbalmente, como quando diz “não gosto quando você faz isso” ou “fico feliz quando brinco com meus amigos”, entre inúmeros relatos dos nossos pequenos, ela está desenvolvendo a consciência sobre as suas emoções e, consequentemente, aprendendo a lidar com elas. A abordagem das questões socioemocionais no ambiente escolar é de extrema relevância, em um espaço aberto para o diálogo, para a escuta, para a reflexão e para a observação de si e dos seus pares. A partir disso, elas também são convidadas a pensar em alternativas para melhorar a convivência com seus pares, estreitando ainda mais os vínculos que constituem cada turma, para que a relação entre as crianças seja baseada em empatia, afeto, respeito e constante reflexão.

Você já participou de alguma proposta semelhante?

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