Grupo de Relações Internacionais do Colégio Farroupilha e o protagonismo estudantil
10/11/2021
Por Saul Gonçalves Filho
Professor de Geografia, de Atualidades e tutor do GRI do Colégio Farroupilha. Curador da Escola de Professores Inquietos.
No GRI – Grupo de Relações Internacionais do Colégio Farroupilha, os estudantes participam de um modelo de simulação das Nações Unidas (ONU) conhecido internacionalmente como MUN (Model United Nations). O grupo de aprendizagem extraclasse é destinado a estudantes a partir do 9º ano e objetiva estudar e entender as relações internacionais dos países, buscando soluções inovadoras para assuntos relevantes no cenário internacional. Nos encontros, cada estudante representa um determinado país, tendo que defender a posição dessa nação em relação a um tema pré-definido, podendo assim, vivenciar para além de sua condição de estudante, o papel de um diplomata.
Antes e durante a simulação, os participantes inserem-se na realidade internacional e desenvolvem habilidades essenciais para qualificar os processos de construção de sua identidade e de seu projeto de vida, como a pesquisa, a escrita, a argumentação, a abstração, a reflexão, a oratória, a elaboração de hipóteses, a preparação de estratégias, a capacidade de negociação e de resolução de problemas, tensões e conflitos. Uma metodologia riquíssima, nesse sentido, é a Mock Object, em que a simulação real acontece com temas divertidos, geralmente não verossímeis e escolhidos pelos estudantes. A finalidade é criar um ambiente em que a criatividade seja estimulada e que, ao mesmo tempo, haja o desenvolvimento das habilidades anteriormente citadas, fundamentais nas simulações acerca de temas globais/reais.
Todos os encontros são organizados e conduzidos pelos próprios estudantes, e em todas as etapas o protagonismo estudantil é facilmente percebido. O professor atua como tutor e a curadoria é compartilhada com os estudantes, o que resulta na escolha de temas atrativos que despertam o interesse para a pesquisa e a discussão. A fim de estimular atitudes cooperativas entre o grupo, quando um novo elemento começa a fazer parte do GRI, passa a ser “afilhado” de um dos integrantes mais antigos, que irá orientá-lo e prepará-lo para a atuação nos debates e na elaboração de documentos. O sistema de “apadrinhamento” nada mais é do que uma aprendizagem colaborativa, que desenvolve nos estudantes a capacidade de trabalharem em equipe e de aprenderem com seus pares.
Além de a “vivência GRI” oportunizar o protagonismo estudantil por meio da ampliação de habilidades cognitivas e socioemocionais, ela também ocorre no momento em que o estudante alia seus saberes à prática. O resultado é a valorização do conhecimento: o estudante torna-se mais confiante em sua capacidade de aprender e de utilizar estratégias mais eficientes para o aprendizado (aprender a aprender).
Além disso, integrar o grupo cria oportunidades de participação em eventos em nível local, regional, nacional e internacional, nos quais é possível conhecer e conviver com pessoas de outras escolas e de diversas culturas e regiões do planeta e, ainda, de poder discutir sobre os grandes temas mundiais da atualidade. Desse modo, se dá a real construção de cidadãos globais. Toda essa vivência estimula o desenvolvimento de liderança, permeado por comunicação assertiva, escuta ativa e empática, bem como pelo bom convívio em sociedade e pelo respeito à diversidade e ao próximo.
Se você quiser implementar um grupo ou um clube de relações internacionais em sua escola, seguem algumas dicas:
– Visite um grupo que já esteja funcionando em outra instituição de ensino e converse com o professor-tutor e com alguns estudantes.
– A faixa etária indicada engloba estudantes do 8º ano dos Anos Finais à 3ª série do Ensino Médio.
– Assegure que os encontros do grupo ocorram em tempos e espaços da escola para evitar o conflito com períodos de provas e com outros eventos já presentes no calendário anual, a fim de que a frequência dos estudantes não seja comprometida.